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Amor e ponto

Parte I


Sentada no sofá da sala de casa, vestida com um blusão antigo que meu pai me deu para dormir, de meias coloridas, de cabelos presos e com os meus óculos de grau, pressionando uma almofada contra o peito, com a esperança que ela calasse os gritos de um coração solitário, com o controle na mão trocando desesperadamente os canais, para ver se encontrava o programa que iria me distrair e que fizesse com que o tédio sumisse dali. De repente escuto o meu celular tocar 'you talk way too much' dos Strokes, meu toque de celular de uma música que não é preferida mais que foi trilha sonora de algumas lagrimas e de vários sorrisos. E naquele visor, estreito, brilhante, um nome: 'Danilo' larguei a almofada, e suspirei fundo, na cabeça pensava comigo mesmo, fica calma e não estraga nada, por favor! 

- Alô, respondi. 

Oi Carol, tudo bem? Pensei-que-você-não -iria-atender-a-minha-ligação. Falou assim, sem respirar como se não estivesse mais tempo ou créditos. 

- Oi Danilo, eu estou bem. Por que não atenderia você? Foi o que saiu, mas na verdade o que se passava dentro de mim, eram tantas e tantas palavras, palavrões. Ele me enganou, mentiu, fingiu... Passamos 5 meses juntos, ele dês do começo fez questão de falar que não queria nada serio e eu fingi que também não queria, e na verdade logo no começo não queria, até me apaixonar pelo o seu olhar, pelo o seu sorriso, por ele todo. Mas continuei jogando aquele joguinho dele... Dormimos varias vezes juntos, passeávamos sempre, juntos. Ele me mandava umas 5 mensagens nos intervalos das ligações, dizia que me adorava, adorava o meu jeito, o meu quarto, o meu beijo, o meu abraço, e pra que tudo isso... ? 



Não sei Carol, você parece que ficou bastante chateada a noite passada... Desculpa Carol, balbuciou baixinho... 

- Chateada eu? Como poderia DANILO? Só porque descobri que você está namorando há 2 meses e não me contou nada ...Imagina!! 

- Um suspiro seguido de um silencio - Desculpa Carol, você é especial para mim, quando estamos juntos é tão bom, você é adorável, adoro quando você recita os poemas do Neruda para mim, o teu sorriso, eu juro que com você é diferente... Eu sou um idiota, eu apenas deixei com que tudo acontecesse e não me preocupei com o que poderia acontecer não me preocupei com as consequências, você também deixava claro que estava bom do jeito que as coisas sucediam, eu tive medo, sabia? 

- Medo? Medo de que? Na cabeça milhares de pensamentos... Ele estava tentando me confundir, mentir mais uma vez? Já não sabia há dias o que sentiam, ainda mais naquele momento, felicidade, raiva... Juro que to com vontade de dá um soco na cara dele e depois quem sabe um beijo..... 

Sim, medo. Você dizia que não queria ninguém além de você mesmo na sua vida, que estava bem com você o tempo todo, e então eu continuava me defendendo desse sentimento. Pedi a Láis em namoro para não me apaixonar, por que sei que você iria me fazer sofrer, por que sei que você não iria aceitar o meu sentimento por você. Você é confusa, parece que gostava de mim e entrando fugia de qualquer sentimento. 

- Danilo, você lembra a primeira vez que a gente ficou? 

Sim, eu lembro. 

- Então... Você fez questão de dizer que não queria nada serio com ninguém... E continuo dizendo isso os meses seguintes... Eu me defendo sim, de tantas coisas, ainda mais de sentimentos que me farão sofrer, disse que não o queria, mas o desejei dês da nossa primeira noite juntos, eu me apaixonei sim por você, mas me mantive calada... Erro meu. Se tivesse falado talvez a gente não tivesse tendo essa conversa... Eu só acho que é tarde para você me dizer isso... Tarde pra gente descobrir que estamos apaixonados um pelo outro, afinal tem outra pessoa envolvida. 

Carol, eu estou com saudade... 

Eu levantei e fui caminhando até a janela da sala, ao abri-la entrou um vento frio. Eu suspirei mais uma vez, tive que engoli algumas palavras do tipo ‘Você é um babaca’. E invés de dizer Adeus, vamos acabar logo isso aqui antes que a gente se machuque mais, saiu... Eu também estou com saudade... Vem me ver? Não pensei em nada mais, eu realmente o queria ali, independente da namorada cor –de-vela dele... Do outro lado da linha, ouvi um sorriso e um até logo. Coloquei o celular no bolso da camisa, e apoiei os braços na janela, respirei um ar de alivio, de tristeza... Era algum sentimento que naquela hora não importava. Resolvi não colocar culpa no coração, tentei parar de pensar, o que era muito difícil naquele momento. Aquilo era culpa minha, afinal era só mais uma noite nos braços dele... Assim vou continuar me enganando. A campainha toca, eu olho para trás, penso no qual rápido ele foi, mas lembrei que ele morava a duas quadras de casa, fechei a janela e caminhei para a porta, ao abrir o vi de costas... Ele virou lentamente, coçou a cabeça e sorriu. Eu me encostei-me à porta e disse: Um dia vou te dizer adeus. E ele apenas me beijou.



Thayssa Castro

1 comentários :

Anônimo disse...

Adorei... <3

 
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